Como a criatividade pode transformar o Cooperativismo.
Por Romis Carmo
Na palestra realizada por mim, Romis Carmo, durante o Segundo Seminário de Aperfeiçoamento do Ramo Agropecuário, levei ao palco o tema essencial para o futuro do cooperativismo por meio da palestra Inspiracoop: a criatividade como força transformadora dentro das cooperativas. A apresentação teve como propósito provocar, inspirar e capacitar líderes cooperativistas a enxergarem a criatividade como um ativo estratégico para inovação, engajamento e impacto social.
O objetivo deste artigo é expandir os principais pontos abordados na palestra e propor caminhos práticos para aplicar a criatividade de forma consistente e relevante no contexto cooperativo.

1. Criatividade não é um dom, é uma ferramenta.
Um dos primeiros mitos que desconstruí na palestra foi o de que criatividade é um talento restrito a artistas ou publicitários. Pelo contrário, a criatividade é uma competência essencial para qualquer cooperativa que deseje se manter relevante, engajar seus cooperados e gerar valor para a comunidade.
Aplicando nas cooperativas:
- Estimule momentos de cocriação com cooperados, associados e colaboradores.
- Promova oficinas de pensamento criativo e resolução de problemas.
- Crie um ambiente que permita errar, testar e aprender.
2. O desafio de transformar estruturas engessadas.
Cooperativas, por natureza, têm uma estrutura consolidada e regida por regulamentos. Mas isso não pode ser um entrave para a inovação. Pelo contrário, estruturas sólidas podem ser excelentes plataformas para a implementação de ideias criativas com consistência e longevidade.
Soluções criativas para esse desafio:
- Criar comitês de inovação dentro da cooperativa.
- Implantar canais permanentes de escuta criativa com os cooperados.
- Utilizar metodologias de design thinking para resolver desafios internos.

3. Propósito como fonte inesgotável de ideias.
Na palestra, destaquei a importância do propósito como motor da criatividade. Cooperativas que têm clareza sobre sua razão de existir geram ideias mais autênticas, consistentes e relevantes. O propósito conecta o passado ao futuro, dando sentido às experiências e projetos que a cooperativa desenvolve.
Exercício sugerido:
- Em uma reunião com a equipe ou com cooperados, responda coletivamente: “Para quê tudo isso?”
- Reflita como o propósito da cooperativa se expressa nas ações do dia a dia.
4. A criatividade como ferramenta de pertencimento.
Uma cooperativa criativa é aquela que permite que cada cooperado contribua com suas ideias e percepções. Isso gera pertencimento, valor essencial para o sucesso cooperativo. O cooperado deixa de ser um mero consumidor de serviços para ser protagonista da história que está sendo escrita.
Como colocar em prática:
- Crie campanhas colaborativas com os cooperados.
- Estimule que conte sua história dentro da cooperativa.
- Valorize ideias simples e locais com potencial de impacto.
5. Criatividade na comunicação.
Muitas cooperativas ainda utilizam uma comunicação formal, fria e distante. Levei na palestra exemplos práticos de como uma comunicação mais criativa, sensorial e humana pode aproximar a marca cooperativa das pessoas e da comunidade.
Sugestões:
- Use narrativas reais de cooperados nas redes sociais.
- Humanize os materiais institucionais com histórias, fotos e linguagens acessíveis.
- Trabalhe com campanhas sensoriais, que ativem emoções e memórias afetivas.

6. Inovação com identidade.
Uma cooperativa não precisa copiar o mercado para inovar. Ela pode (e deve) inovar a partir de sua identidade. Isso significa criar soluções que tenham sentido dentro de seu contexto econômico, cultural e social.
Boas práticas:
- Crie produtos e serviços com base em demandas locais.
- Desenvolva programas de inovação com a participação de jovens cooperados.
- Valorize a história da cooperativa em projetos de futuro.
7. Estética e experiência: a criatividade sensorial.
Falamos também sobre como a criatividade pode ser aplicada na forma como a cooperativa se apresenta visualmente, no ambiente, nas relações e nas experiências oferecidas. O design sensorial é uma ferramenta poderosa para gerar conexões emocionais duradouras.
Exemplos concretos:
- Redesenhe o ambiente físico da cooperativa com elementos visuais que expressem seus valores.
- Desenvolva brindes ou materiais com significado simbólico.
- Use aromas, cores e texturas em eventos para criar memórias afetivas.
8. Liderança criativa e colaborativa.
Por fim, destaquei o papel da liderança. Uma cooperativa só será criativa se seus líderes forem facilitadores de ideias e não controladores de processos. A liderança cooperativa do futuro é aquela que promove o protagonismo coletivo e constrói pontes entre gerações, realidades e sonhos.
Ações sugeridas:
- Desenvolver formações em liderança criativa.
- Implementar um programa de mentorias entre cooperados.
- Celebrar ideias vindas de diferentes setores ou níveis hierárquicos.
Conclusão.
A criatividade não é um luxo ou um acessório no universo cooperativo. Ela é uma necessidade estratégica. Quando estimulada com intencionalidade, a criatividade transforma relações, amplia horizontes e fortalece o verdadeiro espírito do cooperativismo.
Minha proposta com a palestra foi exatamente essa: trazer luz para o imenso potencial criativo que já existe dentro das cooperativas e mostrar como ele pode ser ativado para criar um futuro mais colaborativo, humano e transformador.
As cooperativas do futuro são aquelas que acolhem a criatividade em sua cultura, estrutura e estratégia. Vamos criar juntos esse futuro, com coragem, escuta e inovação.
Se sua cooperativa quiser aprofundar essa jornada criativa, entre em contato. Estou pronto para colaborar em formações, workshops e processos de transformação criativa.